quinta-feira, 25 de junho de 2009
Nos salões do sonho
Mas vocês não repararam, não?!
Nos salões do sonho nunca há espelhos...
Por quê?Será porque somos tão nós mesmos
Que dispensamos o vão testemunho dos reflexos?
Ou, então
- e aqui começa um arrepio
-Seremos acaso tão outros?
Tão outros mesmos que não suportaríamos a visão daquilo,
Daquela coisa que nos estivesse olhando fixamente do outro lado,
Se espelhos houvesse!
Ninguém pode saber... Só o diria
Mas nada diz,
Por motivos que só ele conhece,
O misterioso Cenarista dos Sonhos!
Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990
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