domingo, 14 de junho de 2009

A rua dos Cataventos



Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meus cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
(Mario Quintana in A rua dos Cataventos.Porto Alegre: Globo, 1940.)

1 comentário:

  1. halo halo =)

    muito bem, fotografias muito bonitas e uma dequação certa de textos,mas com a mesma inspiração que focas o melhor angulo para a fotografia,tenta tambem encontrar o angulo da escrita em ti e esrever mais textos teus.

    Continua ta a ficar muito fixe o blog,parabens :))

    Bjoquinha

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